- ALFABETIZAÇAO E LETRAMENTO

De acordo com a concepção de língua, o processo de aquisição da escrita deve superar o objetivo restrito da alfabetização, vinculado à mera codificação e decodificação dos códigos lingüísticos. Faz-se necessário explicitar uma visão dinâmica e atual desse processo de alfabetização, compreendida por SMOLKA ( 1988, p. 63): “ A alfabetização é o processo discursivo, em que ganham força as funções interativa, instauradora e constituidora do conhecimento na e pela escrita”. Dessa forma, só será possível construir o conceito de discurso com as crianças a partir da interação da escrita e de seus usos sociais, tendo como objetivo maior diversas construções realizadas no dia-a-dia das pessoas, aperfeiçoando seus modos de agir, pensar e relacionar-se com o mundo e com os outros.
SOARES (1998, p.8), entende como o processo de letramento “ o estado ou condição de quem não só sabe ler e escrever, mas exerce as práticas sociais de leitura e de escrita que circulam na sociedade em que vive, conjugando-as com as práticas sociais de interação oral”. Isso explica por que a ação pedagógica deverá transitar pelas múltiplas linguagens encontradas nos textos não-verbais ( gestos, sons, imagens), bem como nos textos verbais (fala e escrita).
Para efetivar as práticas de aquisição da escrita, é preciso valorizar o aluno enquanto sujeito do processo de aprendizagem, alguém que vai produzir, isto é, transformar as informações que recebeu em conhecimento. Esse processo deve acontecer com base na interação do aluno com a diversidade de textos que fazem parte do cotidiano, ou seja, de seu uso social.
Em função disso, possibilitando a reflexão sobre a língua e o confronto com as variedades lingüísticas existentes no convívio com o outro, nos mais diversos contextos sociais. É indispensável ao educador compreender que o texto é um todo significativo, relacionado com o uso social da linguagem. Portanto, é imprescindível, neste primeiro momento do processo de encontro com a língua escrita, que se priorize o trabalho com atividades epilingüísticas, isto é, reflexões voltadas para o uso social, tais como: A QUEM SE DESTINA O TEXTO? O QUE DESEJA COMUNICAR? PARA QUEM COMUNICAR?, deixando em segundo plano a inserção das atividades metalingüísticas, aprofundando, gradativamente, o nível de reflexão dos conhecimentos de uma série para outra.
Outro aspecto a considerar nesta fase de escolarização é a importância de oferecer aos alunos que ainda não saibam ler e escrever, pois, com a interferência e a mediação do professor, eles poderão interpretar o que ouvem, pensar e refletir com base em seu conhecimento prévio e construir conceitos sobre o funcionamento da escrita, tornando-se leitores e produtores de discursos significativos. Isso contribuirá de forma decisiva para que o processo de alfabetização e letramento se efetive na escoal.

PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA LÍNGUA

Ao se elaborarem as propostas de trabalho para o ensino e aprendizagem da língua, se faz necessário articular o objeto de ensino, a interatividade com o aluno e as ações que geram o ensino na escola.
Dessa forma, o aluno é reconhecido como sujeito da ação de aprender, aquele que age sobre o objeto de conhecimento, ou seja, sobre tudo o que, sendo observável pelo sujeito, torna-se foco de seu esforço de conhecer, não mais como um ser passivo que recebe e apenas repete ou reproduz os conteúdos transmitidos.
Assim, o objeto de ensino é a Língua Portuguesa, tal como se fala e se escreve fora da escola, a língua utilizada em instâncias públicas e a que existe nos textos escritos que circulam socialmente.
Nessa perspectiva, o ensino é concebido como prática educacional que organiza a relação entre o sujeito e o objeto de ensino. Trata-se, portanto, de se compreender que é por meio dos procedimentos ou das estratégias didáticas criadas, que o ensino vai ao encontro de seu objetivo, a aprendizagem, o conhecimento, o “saber fazer”.
Sendo assim, uma proposta curricular não pode meramente ser identificada por uma lista de conhecimentos metalingüísticos, pois, dessa forma, a escola pode até estar ensinando, mas não tem nenhuma garantia de que o aluno esteja aprendendo. Aprender pressupõe ação com ou sobre a língua e, não, a mera reprodução dos seus conceitos.


SELEÇÃO E CLASSIFICAÇAO DOS GÊNEROS

O objetivo da seleção e classificação, é proporcionar aos alunos o contato com o maior número possível de gêneros textuais que satisfazem às necessidades de comunicação oral e escrita da sociedade em uma determinada época. Segue abaixo o agrupamento de diferentes gêneros textuais, de acordo com a função que os caracteriza. Dessa forma, os gêneros foram classificados em:
§ Lúdicos: têm como função divertir, entreter, ensinar crianças por meio da brincadeira com as palavras e com as formas rítmicas que os caracterizam. Parlendas, adivinhas, cantigas e trava-línguas são alguns exemplos de textos lúdicos.
§ Práticos: são textos cuja função é organizar a vida cotidiana das pessoas. Ex: listagens, bilhetes, cartas, convites, manuais de instrução, dentre outros.
§ Literários:têm a função de valorizar o uso estético da linguagem. São textos que expressam pensamentos, sentimentos e fantasias do homem na relação consigo mesmo e com o mundo à sua volta. Neles, importa mais o como se diz do que se diz. Entre os literários, estão os contos, as lendas, as fábulas e os poemas.
§ Informativos jornalísticos: mostram um predomínio da função informativa da linguagem ( o que se diz). Propõem-se a difundir as novidades e conhecimentos produzidos em diferentes partes do mundo, abrangendo os mais variados temas. Ex: manchetes, notícias, reportagens, entrevistas, dentre outros.
§ Informativos científicos: esta categoria inclui textos cujos conteúdos provêm do campo das ciências em geral – social ou natural. Dentre eles, estão: os verbetes de dicionário e os de enciclopédia, os artigos de divulgação cientifica e os relatos de experiência científica e/ou pesquisa.
§ Humorísticos: têm o objetivo de produzir humor ou provocar riso. Ex: tiras, histórias em quadrinhos e anedotas.
§ Persuativos: esta categoria inclui não só os textos que usam a linguagem para vender uma idéia ou produto ( também chamados de publicitários), mas também os que comentam, explicam, apresentam ou confrontam idéias, conhecimentos e opiniões, crenças e valores. Dentre eles, estão: as propagandas, as cartas do leitor, os artigos de opinião e as resenhas de livro e/ou filme.


POR QUE O TRABALHO COM OS DIFERENTES GÊNEROS?

Toda educação verdadeiramente comprometida com o exercício da cidadania precisa criar condições para o desenvolvimento das capacidades de uso eficaz da linguagem que satisfaça necessidades pessoais – que podem estar relacionadas às ações efetivas do cotidiano, à transmissão e busca de informação, ao exercício da reflexão crítica e imaginativa. De modo geral, os textos são produzidos, lidos e ouvidos em razão de finalidades desse tipo.
Ao longo do tempo, as demandas sociais foram exigindo a criação de novas formas textuais, de novos gêneros que atendessem às novas necessidades de comunicação oral e escrita.
O trabalho com os diferentes gêneros textuais selecionados possibilita que o ensino de língua torne-se rico, dinâmico e interessante, pois eles possuem características que os distinguem uns dos outros. Cada gênero:

· tem uma estrutura que lhe é peculiar;
· apresenta uma gramática própria;
· é produzido com base em diferentes funções e intenções;
· é escrito para interlocutores e suportes diferentes;
· apresenta diferentes formas de ver, compreender e representar a realidade, diferentes linguagens e/ ou níveis linguagens, recursos visuais distintos, etc.

Sendo assim, cada um deles auxilia na construção e/ou no desenvolvimento de estruturas cognitivas diferentes, no que diz respeito à leitura e à escrita.
Portanto, uma escola atualizada e eficiente não pode ignorar o seu próprio tempo, o contexto social, a realidade presente que revela novas necessidades e exige uma forma de buscar o conhecimento. Um ensino de língua que não considere esses aspectos ou algum desses gêneros poderá comprometer a formação dos alunos, porque não estará cumprindo o seu papel de formar cidadãos aptos para ler, compreender e produzir diferentes textos.


A Europa tem sido castigada por ondas de calor de até 40 graus centígrados, ciclones atingem o Brasil (principalmente a costa sul e sudeste), o número de desertos aumenta a cada dia, fortes furacões causam mortes e destruição em várias regiões do planeta e as calotas polares estão derretendo (fator que pode ocasionar o avanço dos oceanos sobre cidades litorâneas). O que pode estar provocando tudo isso? Os cientistas são unânimes em afirmar que o aquecimento global está relacionado a todos estes acontecimentos.
Pesquisadores do clima mundial afirmam que este aquecimento global está ocorrendo em função do aumento de poluentes, principalmente de gases derivados da queima de combustíveis fósseis (gasolina, diesel etc), na atmosfera. Estes gases (ozônio, gás carbônico e monóxido de carbono, principalmente) formam uma camada de poluentes, de difícil dispersão, causando o famoso efeito estufa. O desmatamento e a queimada de florestas e matas também colabora para este processo. Os raios do Sol atingem o solo e irradiam calor na atmosfera. Como esta camada de poluentes dificulta a dispersão do calor, o resultado é o aumento da temperatura global. Embora este fenômeno ocorra de forma mais evidente nas grandes cidades, já se verifica suas conseqüências em nível global.
Conseqüências do aquecimento global - Aumento do nível dos oceanos: com o aumento da temperatura no mundo, está em curso o derretimento das calotas polares. Ao aumentar o nível da águas dos oceanos, podem ocorrer, futuramente, a submersão de muitas cidades litorâneas;- Crescimento e surgimento de desertos: o aumento da temperatura provoca a morte de várias espécies animais e vegetais, desequilibrando vários ecossistemas. Somado ao desmatamento que vem ocorrendo, principalmente em florestas de países tropicais (Brasil, países africanos), a tendência é aumentar cada vez mais as regiões desérticas em nosso planeta;- Aumento de furacões, tufões e ciclones: o aumento da temperatura faz com que ocorra maior evaporação das águas dos oceanos, potencializando estes tipos de catástrofes climáticas;- Ondas de calor: regiões de temperaturas amenas tem sofrido com as ondas de calor. No verão europeu, por exemplo, tem se verificado uma intensa onda de calor, provocando até mesmo mortes de idosos e crianças.
Protocolo de Quioto Este protocolo é um acordo internacional que visa a redução da emissão dos poluentes que aumentam o efeito estufa no planeta. Entrou em vigor em 16 fevereiro de 2005. O principal objetivo é que ocorra a diminuição da temperatura global nos próximos anos. Infelizmente os Estados Unidos, país que mais emite poluentes no mundo, não aceitou o acordo, pois afirmou que ele prejudicaria o desenvolvimento industrial do país.